COMO POSSO LIDAR COM A CULTURA?

• OBJETIVO: Refletir sobre como os cristãos devem se relacionar com a cultura, à luz da cosmovisão cristã, tanto de maneira individual como de maneira coletiva.
• HINOS: Inicial: HBJ 258 – Final: HBJ 148
• PÔR DO SOL: Sexta-feira, 17h54 | Sábado, 17h55 (baseado no horário de Brasília)

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Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. (1 Co 10:31)

Os cristãos precisam lidar com a cultura que os cerca. Isso é um fato inevitável, tão inegável quanto o fato de que a água corre para baixo (antiga expressão popular). Porém, precisamos responder a uma pergunta que toda geração de cristãos precisa responder. Como devemos responder à cultura, levando em conta a época em que vivemos, local em que estamos inseridos e demais circunstâncias?

O assunto de hoje não pode passar despercebido, porque os prejuízos são incalculáveis quando rejeitamos por demais a cultura ou quando a abraçamos totalmente, sem nenhum critério. Tratar esse tema com desinteresse se compara a um soldado abaixando a guarda em meio à batalha. De fato, vivemos uma batalha cultural invisível a olhos nus. Então, que postura Deus espera de seus representantes na Terra? À luz da cosmovisão cristã, vamos ao estudo!

A igreja existe para fazer missão, assim como o fogo existe para queimar. Nossa missão inclui não só pregar, mas também viver o ideal de Cristo em todas as áreas. Além do relacionamento com Deus e com o próximo, os cristãos precisam ter um relacionamento redimido com o mundo criado.  Deus, portanto, espera de nós uma postura redimida para com a cultura, na esfera individual e na coletividade.

1. A cultura e o cristão: Antes de mais nada, é sempre importante lembrar que, quando falamos de cultura, estamos nos referindo à totalidade das atividades, ideias e símbolos de determinado povo, em determinado tempo e lugar. Todo povo possui um conjunto de ideias, valores e comportamentos que organizam e dão significado à vida comunitária.

A cultura abrange cada aspecto da vida em sociedade: linguagem, música, arte, alimento, sexualidade, cosmovisão, costumes etc. Todo ser humano possui e produz cultura. Na esfera individual, entendemos que é dever do crente em Jesus expressar e transmitir graça nos ambientes por onde vai.

Temos um desafiante e provocante chamado enquanto cumprimos a missão de pregar o evangelho: estar inseridos no mundo, participando ativamente da vida em sociedade e vinculado culturalmente, mas sem reproduzir traços culturais contrários à cosmovisão bíblica. Somos chamados a “ver” todo o mundo à nossa volta com a ótica da cruz!

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus para “dominar” a terra (Gn 1:26-27). Como “portadores da imagem de Deus, moldamos o mundo que nos rodeia e o adaptamos a uma diversidade de usos”. Isso é o que os teólogos chamam de mandato cultural. A cultura é resultado da ordem recebida pelo ser humano de dominar a criação. Pela ótica bíblica, os cristãos precisam glorificar a Deus em todas as esferas da vida em sociedade.

Alguns cristãos possuem a falsa ideia de que “cultura” e “mundanismo” são sinônimos e que, por isso, devem ser contra toda e qualquer cultura. Por conta deste tipo de pensamento, muitos cristãos tornaram-se completamente alienados do mundo à sua volta e desprezam assuntos da vida pública. Todavia, desde a maneira como nos comportamos e produzimos em nosso trabalho (Cl 3:22-23), até a forma como lidamos com assuntos relacionados à ecologia, novas tecnologias, arte, a missão pode ser cumprida. Somos luzeiros no mundo (Fp 2:15)!

As implicações são muitas e os exemplos também, mas podemos resumir, dizendo que o parâmetro que precisamos adotar enquanto lidamos com a cultura é e sempre será o que consta na Bíblia! Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus (1 Co 10:31). Fazer tudo para a glória de Deus é o nosso grande parâmetro. Essa é a proposta integral que o evangelho nos impõe.

2. A cultura e a igreja: Agora, convém irmos um pouco além para pensar na postura da coletividade. Em outras palavras, como a igreja, a comunidade dos santos em Jesus, deve lidar com a cultura? Bem, vale mencionar em um primeiro momento que, existe, na mente de alguns, a falsa ideia de que todos os cristãos possuirão, sempre uma cultura única, por seguirem o evangelho. Nos quatro cantos do mundo, eles serão do mesmo modo, porque seguem a “cultura cristã”.

Frente a este modo de pensar, cristãos sempre terão uma cultura completamente desconectada no local onde vivem. Isso é uma falácia e não pode ser sustentada pelo exame bíblico e nem pelo testemunho da história. Se isso fosse mesmo verdade, todos os cristãos, ao longo dos tempos e de todos os lugares, viveriam da mesma forma. Temos muitos hábitos, valores, costumes, dentre outras coisas, ligadas ao povo do lugar onde vivemos e, isso não é, em si mesmo, um problema na medida que estes hábitos, valores e costumes não contrariam o evangelho.

Pois bem, pensamentos equivocados como o apresentado acima, fez com que, ao longo dos tempos, a igreja cristã se relacionasse com a cultura de ao menos três modos diferentes: a igreja contracultura, a igreja da cultura e a igreja como agente de transformação da cultura. Vejamos, de modo resumido, cada um destes três modos da igreja lidar com a cultura.

No modelo da igreja contracultura, a cultura é vista como essencialmente demoníaca e deve ser rejeitada. Os cristãos, neste caso, não possuem nenhum envolvimento com a cultura. Devem se colocar contra ela. Só aquilo que é produzido por cristãos deve ser consumido e aceito. Já no modelo da igreja da cultura, o entendimento é que a igreja deve se aculturar e que os ensinos do evangelho têm íntima relação com as estruturas culturais e deve se acomodar. Ou seja, toda e qualquer cultura é incorporada na igreja. Neste caso, a igreja identifica-se completamente com a cultura.

Por fim, no modelo da igreja como agente de transformação da cultura, entende-se o conceito de que a cultura possui trações de beleza e traços demoníacos. A igreja deve rejeitar todos os traços culturais pecaminosos. Deve identificar e lutar para fazer com que todo valor, ideia ou comportamento que seja contrário aos valores do reino, seja revisto e transformado. Esta não é uma tarefa fácil, mas não podemos nos esquecer de que o evangelho de Jesus é poderoso!

Os cristãos são um povo que vive entre o “já e o ainda não”. Vivem entre duas eras. A era futura já entrou em nosso mundo, mas ainda vivemos na era presente. Contudo, o grande desejo de Deus é colocar todas as coisas debaixo do senhorio de Jesus Cristo. Isso diz respeito a cada aspecto da vida humana. O evangelho continua sendo o poder de Deus que pode redimir todas as coisas (Rm 1:16-17). Você crê nisso? 

Chegamos ao final da primeira parte do nosso estudo sobre a cosmovisão cristã acerca da cultura. Em resumo, tanto o cristão, individualmente, como produtor de cultura, como a igreja, coletivamente, devem ser sempre controlados por tudo o que a Bíblia ensina. Apesar de não termos uma postura alienante em relação à cultura e à vida em sociedade, nosso pensamento e nossas ações não são moldadas pela cultura à nossa volta, mas pela santa Palavra de Deus!

1. À luz dos primeiros parágrafos do item 1 desta lição, responda: de modo objetivo, como podemos definir cultura? O que ela abrange?

2. Leia Gn 1:26-28 e os últimos parágrafos do item 1 e comente com a classe sobre o “mandato cultural”. Quais são as implicações dele para o cristão, individual?

3. Ao menos três modos diferentes da igreja lidar com a cultura, ao longo do tempo, foram apresentados. Comente sobre os dois primeiros deles: a igreja contracultura e a igreja da cultura. Leia, também, Mt 5:14 e Jo 17:14-17.

4. À luz dos últimos parágrafos do item 2, comente sobre o modelo da igreja como agente de transformação da cultura. O evangelho é mesmo poderoso para transformar hábitos, valores e comportamentos? Leia Rm 1:16-17.

1. Deus espera nosso agir individual.

Ser cristão não é algo que fazemos só aos finais de semana. O cristão deve ser alguém engajado na igreja e na sociedade. Assim como é importante ser um bom ofertante na igreja, é importante ser um bom profissional, o melhor possível naquilo que faz. Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo (Ef 6:5).

A função dada ao ser humano no jardim do Éden continua vigente, apesar de o pecado ter entrado na humanidade (Gn 1:28; 2:15). Deus precisa ser glorificado em tudo (1 Co 10:31), inclusive nas horas vagas, nos passeios com a família, nas partidas de futebol, na pintura de um quadro, no cuidado com os animais, na descoberta de uma vacina, no desenvolvimento de um site da internet, na preservação da natureza, tudo mesmo.

5. Que outras áreas da nossa vida se aplicam ao mandato cultural? Que ações individuais podemos tomar diante disso?

2. Deus espera nosso agir coletivo!

Aprendemos hoje que a igreja precisa pensar sobre seu envolvimento cultural. Isso não significa abraçar tudo, nem se afastar de tudo. Precisamos ser moderados e entender o momento de cada igreja no lugar em que está inserida. Não sejamos nem otimistas demais, nem pessimistas demais. Peçamos sabedoria a Deus para sermos relevantes nesta sociedade caída. Ele é o Missionário por excelência e sabe o que devemos fazer.

Os instrumentos da igreja podem estar todos bem afinados e, ainda assim, não serem instrumentos de adoração. Corremos o risco de ser uma igreja bíblica, porém, cheia de muros culturais, que não deixam os outros entrar para ouvir as boas novas, assim como podemos estar totalmente engajados na cultura e, entretanto, fora do evangelho. Talvez a maior mudança que precisamos experimentar é “aprender a mudar”. Isso, no tempo, no lugar, na intensidade e nos limites corretos.

6. Comente a segunda aplicação e, especialmente, a seguinte frase: “talvez a maior mudança que precisamos experimentar é ‘aprender a mudar’”. Concorda que, quando aprendemos a mudar, aprendemos também a jamais mudar as coisas que fazem parte do DNA de uma igreja saudável?

Em resumo, a cultura pode e deve ser instrumento do cristão e da própria igreja como porta-voz de Deus na Terra. Faz parte de nossa missão, de nosso mandato cultural. Contudo, nada deve ser feito sem um olhar criterioso e sem o escrutínio do evangelho. Deus nos conceda graça para que sejamos a noiva de Cristo que ele nos moldou para ser. Que as escamas organizacionais e as preferências pessoais deem lugar ao evangelho puro e simples.

Como tarefa, tire um tempo para refletir nessas coisas. Como posso lidar com a cultura? Se a cultura não é nem totalmente perdida, nem totalmente redimível, o que Deus quer de mim e de minha igreja no contexto atual? Oremos pela presença de Deus nessa empreitada. Precisamos cada vez mais de gente comprometida com o evangelho e que produzam bons conteúdos na ciência, nas artes, na política, enfim, em todos os ambientes.

Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo. (Hb 13:3)

COMO É A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS NO PAÍS?

Desde o golpe de 2019, que destituiu Omar al-Bashir, a situação dos cristãos sudaneses melhorou, pois o governo mudou a política de considerar os cristãos inimigos e agentes do Ocidente. 

No entanto, existem questões sistemáticas que afetam os cristãos. Primeiro, embora a política governamental tenha mudado, as atitudes sociais em relação aos cristãos não mudaram, especialmente fora da capital Cartum.

A cultura e a sociedade ainda são de maioria muçulmana e desconfiam de qualquer outra religião que não for a islâmica. Em segundo lugar, o governo não implementou proteções reais para os cristãos e outras minorias.

ORE

• Interceda para que as mudanças do novo governo sejam implementadas e respeitadas nos níveis mais baixos de governo e na sociedade em geral.
• Ore pelos cristãos ex-muçulmanos para que continuem a crescer no conhecimento de Cristo e sejam capazes de anunciar o evangelho.

*Missão Portas Abertas. Lista Mundial da Perseguição 2022. Disponível em: <https://missao.portasabertas.org.br/ty-ebook-lista-mundial>. Acesso em: 26 jan. 2022.

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